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Cuidado com os falsos profetas



Nestes tempos de pandemia somos “forçados” a ficar em casa e acaba “sobrando” mais tempo para consumir informações. A todo tempo estamos sujeito a nos deparar com as famosas fake news até mesmo no campo religioso. Há oportunistas de plantão disseminando todo tipo de notícias sem fundamento que vão desde o “fim do mundo” até a acusação de um “deus” que envia o mal. Cuidado com os falsos profetas!


Um profeta não é apenas aquele que fala uma palavra referente ao futuro, mas essencialmente e num sentido mais amplo é aquele que fala em nome de Deus.



São quatro os elementos que constituem a profecia:


1) Revelação divina: Pela ação do Espírito Santo Deus revela os seus segredos ao profeta (Am 3, 7). Trata-se de um conhecimento que excede a razão humana e que é dado ao homem por obra do poder divino.


2) O entendimento das revelações: Às vezes, algumas coisas são divinamente reveladas a alguém, mas este não as compreende como foi o caso de Nabucodonosor (Dn 2, 31-35). Por isso se requer, em segundo lugar, o entendimento, conforme se diz em Daniel (10, 1): “Uma palavra foi revelada a Daniel e ele compreendeu a palavra.


3) O anúncio das revelações: É necessário que a pessoa que entende as coisas reveladas comunique (Is 21, 10).


4) Os sinais: Como as revelações estão acima da sensibilidade humana é comum que as pessoas não creiam a não ser que haja algum tipo de comprovação, um sinal. Isto se faz geralmente através de milagres.



Quatro características opostas ajudam a discernir os falsos profetas:


1) Doutrina falsa: Deus não mente, não erra, portanto aquilo que Ele já ensinou a humanidade não pode ser modificado. O falso profeta fala coisas contrárias ou incompletas que não condizem com a doutrina da Igreja.


2) Falsidade na inspiração: Pode ser que alguém seja inspirado falsamente pelo diabo (Jr 2, 8), mas também pelo seu próprio espírito (Ez 13, 3), fala coisas da “sua cabeça”.


3) Falsidade na intenção: O profeta fala com a intenção de edificar (conduzir a santidade), exortar (tornar prontos para a boa obra) e consolar (tornar paciente nas adversidades). Se alguém fala com alguma intenção diferente como, por exemplo, a fama, bens materiais é falso.


4) Falsidade de vida: Este aspecto engloba aqueles que dizem uma coisa, mas vive outra é a famosa hipocrisia. Não significa que um profeta nunca tenha incorrido em pecados, mas deve ser aquele que constantemente busca agir de acordo com o que ensina.


Estes últimos quatro aspectos são grandes dicas para reconhecer os falsos profetas, porém há um modo mais perfeito para desmascará-los: observando os frutos (Mt 7, 16).



Que frutos são esses?


1) O fruto do Amor: O primeiro fruto colhido na vida do profeta é o amor: amor a Deus e ao próximo (Gl 5, 22). Os falsos profetas colhem como fruto a ambição, pois amam as honras (MT 26, 3). No profeta se verifica as derivações do amor: “alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5, 22) enquanto no falso as derivações da carne: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos” (Gl 5, 19-20)


2) O fruto da palavra: Os profetas falam coisas boas, pois o coração está alicerçado na Palavra de Deus (Mt 12,34), os falsos profetas fazem isso de um modo forçado e constantemente acabam emitindo aquilo que está realmente no seu coração. É difícil, por exemplo, que um coração cheio de inveja não deixe de emiti-la.


3) O fruto da ação: Os profetas realizam suas ações na humildade, trata-se de obras de santidade. Já as ações dos falsos profetas levam ao pecado. O caminho que os cristãos são chamados a percorrer é árduo exige simplicidade, penitencia e mansidão, os falsos por sua vez não escolhem o que é árduo.


4) Fruto da tribulação: O momento das tribulações é também propício para se desmascarar os falsos profetas. A Palavra revela que: “Os frutos do ímpio são inquietação; a doutrina de um homem se conhece pela paciência” (Pr 15, 6; 19, 11).



O Papa Francisco de certo modo resume estes frutos que desmascaram os falsos profetas desta maneira: “A vida do cristão é concreta na fé em Jesus Cristo e na caridade, mas também é uma luta, porque sempre tem ideias ou falsos profetas que te propõem um Cristo ‘suave’, sem muita carne e o amor ao próximo é um pouco relativo... Sim, estes estão do meu lado, mas aqueles, não...”.


Se abra a palavra profética, mas desconfie das notícias que negam o amor de Deus, desconfie daqueles que negam ou fogem da Cruz, a final de contas ela é a maior expressão do Amor.



Leandro Benedito Ferreira



Fontes:

Santo Tomás de Aquino; Sermão: “Guardai-vos dos falsos profetas.

Homilia da Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta no dia 07 de janeiro de 2019.

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